Sara tornou-se uma adolescente um pouco diferente daquilo que é considerado normal. Não pelas asas, que permaneceram ocultas, tornando-se visíveis ainda apenas para mim, durante algumas noites, enquanto ela dormia mais serenamente. Era seu comportamento durante o dia que me intrigava. Eu fingia achar tudo normal. Quando questionada, justificava suas atitudes alegando serem fruto de sua personalidade forte, mas, no fundo, me preocupava observar minha filha manter-se cada vez mais distante de meninas e meninos da sua idade.
Nessa época, sem imaginar o efeito ainda mais devastador que isto causaria, comprei para Sara um computador. Sonhei que ele facilitaria sua comunicação com os colegas e a tornaria um pouco mais semelhante ao resto da turma.
Burrice a minha.
Nem o melhor computador do mundo pode aproximar alguém com asas (ainda que este alguém não tenha, sequer, consciência das mesmas) de adolescentes que se animam em passar a tarde no shopping olhando vitrines e investem tempo em sites que tem como única informação a roupa das estrelas no tapete vermelho.
O tiro saiu pela culatra e Sara aproveitou o computador pra se distanciar ainda mais das pessoas que a cercavam. Inclusive, de mim.
Realmente não posso acusá-la de ser grosseira com as pessoas, pois ela havia absorvido a educação que recebera e tratava a todos com a gentileza necessária. E só.
Sara não demonstrava apego por nada que a rodeava. Nunca telefonava a nenhuma colega de classe ou mantinha diálogos no MSN com os garotos da escola e do bairro. Não se interessava pela vida das vizinhas. Não assistia às novelas. Não ia à igreja. Não fazia parte de nenhum grupo e nem parecia se importar comigo.
Nunca lhe manifestei minha tristeza perante sua indiferença porque temia que isto aumentasse ainda mais a distancia entre nós. Além disso, julgava ser apenas uma fase que se extinguiria a medida que minha filha amadurecesse.
Ao ser apresentada por Tio Chico às mazelas da África, Sara passou a dedicar boa parte de seu tempo a pesquisar informações sobre o assunto na internet e, mais tarde, formulava soluções elaboradas para tal problema. Depois foi a vez da Faixa de Gaza, do Afeganistão, da Geórgia, na região da Ossétia do Sul e até a independência do povo basco na Espanha.
Eu não posso dizer que vibrava com seu interesse por estes assuntos como teria feito ao observá-la descobrir-se apaixonada por qualquer um dos simpáticos garotos de sua turma na escola, mas o tempo me conformou quanto ao comportamento diferenciado de Sara ao ponto de eu passar a considerá-la apenas excêntrica.
Afinal, para quem havia vislumbrado asas em seu pequeno bebê, perceber no mesmo a falta de hábitos condizentes com sua idade não era nada tão absurdo assim.
Nessa época, sem imaginar o efeito ainda mais devastador que isto causaria, comprei para Sara um computador. Sonhei que ele facilitaria sua comunicação com os colegas e a tornaria um pouco mais semelhante ao resto da turma.
Burrice a minha.
Nem o melhor computador do mundo pode aproximar alguém com asas (ainda que este alguém não tenha, sequer, consciência das mesmas) de adolescentes que se animam em passar a tarde no shopping olhando vitrines e investem tempo em sites que tem como única informação a roupa das estrelas no tapete vermelho.
O tiro saiu pela culatra e Sara aproveitou o computador pra se distanciar ainda mais das pessoas que a cercavam. Inclusive, de mim.
Realmente não posso acusá-la de ser grosseira com as pessoas, pois ela havia absorvido a educação que recebera e tratava a todos com a gentileza necessária. E só.
Sara não demonstrava apego por nada que a rodeava. Nunca telefonava a nenhuma colega de classe ou mantinha diálogos no MSN com os garotos da escola e do bairro. Não se interessava pela vida das vizinhas. Não assistia às novelas. Não ia à igreja. Não fazia parte de nenhum grupo e nem parecia se importar comigo.
Nunca lhe manifestei minha tristeza perante sua indiferença porque temia que isto aumentasse ainda mais a distancia entre nós. Além disso, julgava ser apenas uma fase que se extinguiria a medida que minha filha amadurecesse.
Ao ser apresentada por Tio Chico às mazelas da África, Sara passou a dedicar boa parte de seu tempo a pesquisar informações sobre o assunto na internet e, mais tarde, formulava soluções elaboradas para tal problema. Depois foi a vez da Faixa de Gaza, do Afeganistão, da Geórgia, na região da Ossétia do Sul e até a independência do povo basco na Espanha.
Eu não posso dizer que vibrava com seu interesse por estes assuntos como teria feito ao observá-la descobrir-se apaixonada por qualquer um dos simpáticos garotos de sua turma na escola, mas o tempo me conformou quanto ao comportamento diferenciado de Sara ao ponto de eu passar a considerá-la apenas excêntrica.
Afinal, para quem havia vislumbrado asas em seu pequeno bebê, perceber no mesmo a falta de hábitos condizentes com sua idade não era nada tão absurdo assim.
9 comentários:
Viviane Gaidzinski disse...
Eu sei bem o q é ter uma filha adolecente.rsrsrsr..
isso tudo me faz relembrar momentos dificieis q passei e passo com o crescimento e desenvolvimento de minha adoravel criaturinha...
Anônimo disse...
A sua sensibilidade ao perceber as "asas de Sara"já desde bebê, é comovente. Tem um frase de Donald Winnicott que diz que "o filho se vê pelo olhar da mãe", portanto enxergue sempre sua Sara como alguém capaz e assim ela sempre será.
Bjs.
Janeisa
Eric Messa disse...
Gostei do post, vou deixar aqui um convite para conhecer o blog FILHOS: http://psic.com.br/blog/
Maite Lemos disse...
Oi viviane
Nem me fala em adolescencia.
Por enquanto to passando por isso só na ficção. Mas logo logo é de verdade.
Espero que seja tranquilo.
Pelo menos espero q seja muuuuito mais tranquilo do q promete a adolescencia de Sara.
bjnho
Maite Lemos disse...
Eric
Gostei muito da tua indicação.
Passarei sempre por lá e... obrigada pela visita.
Raffs disse...
é um grande prazer poder acompanhar essa linda história desde o princípio. fico ansiosa por novos posts!!
já me apeguei a Sara e quero um Tio Chico pra mim xD
tá lindo isso daqui!
beijos Maite!!
Maíra Rabassa disse...
Oi querida... Li seus textos, e dei minha opinião no meu blog. Acesse, e torne-se uma seguidora dele também. Parabéns! Espero ver este material um dia publicado. Estarei lá para te aplaudir! Sucesso! Maíra Rabassa, jornalista (Criciúma-SC)
Maíra Rabassa disse...
Anônimo disse...
Pretty! This has been an extremelу wonԁerful post.
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